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Como posicionar seu imóvel no mercado antes de construir

  • Foto do escritor: Fernanda Martins | Arquiteta e Urbanista
    Fernanda Martins | Arquiteta e Urbanista
  • 15 de ago.
  • 4 min de leitura

Vender bem não depende apenas do momento do mercado — depende, sobretudo, de como o imóvel é pensado antes mesmo da obra começar.


Em projetos imobiliários, o valor percebido nasce no papel. Cada decisão tomada ainda na fase de estudo — do layout à legislação, do conforto ao cronograma — contribui para moldar um produto que o mercado entende, deseja e absorve com mais rapidez.

Quando o projeto é estratégico, o imóvel se posiciona antes de ser construído: atrai o público certo, comunica valor de forma coerente, reduz incertezas e protege a margem de retorno.


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Neste guia, compartilho como transformar intenção em produto posicionado — com decisões arquitetônicas que fortalecem o desempenho comercial e antecipam resultados reais para quem constrói, investe ou opera.


1) Comece pelo público (e não pela planta)

Antes de projetar ambientes, é preciso entender quem vai usar o imóvel — e o que é inegociável para esse perfil. Um mesmo terreno pode gerar produtos completamente diferentes dependendo da persona definida.


2) Terreno e legislação: o possível e o viável

O zoneamento, os recuos, o gabarito e os usos permitidos determinam o que é possível construir — e quanto isso vai custar.


  • Mapeie restrições ambientais, servidões, confrontantes e vizinhança sensível.

  • Avalie acessos, mobilidade e estrutura urbana do entorno.

  • Converta os dados legais em decisões técnicas: área útil, altura, número de unidades, padrão de vagas.


Evita: terrenos “baratos” que exigem adaptações caras.

Gera: produto viável e ajustado à demanda real.


3) Mix de tipologias: coerência vende

Cada projeto exige um portfólio coerente com o público e com o mercado local.


  • Residencial: m² úteis bem distribuídos, varanda integrada, cozinha funcional, home office real, áreas comuns enxutas e com propósito.

  • Comercial: modulação inteligente, salas reversíveis, sanitários acessíveis, áreas compartilhadas com lógica de uso.


🔍 Priorize os ambientes que influenciam a decisão de compra ou locação — e reduza o que gera custo sem agregar valor percebido.


4) Conforto é argumento — e diferencial competitivo

Conforto térmico, acústico e ambiental é variável objetiva de valorização.


  • Iluminação natural e ventilação cruzada;

  • Percursos intuitivos, materiais agradáveis ao toque, ambientes silenciosos;

  • Layouts que favorecem bem-estar e uso adaptável.


🌀 Flexibilidade futura também conta: paredes secas, infraestrutura preparada e pontos adicionais ajudam o imóvel a acompanhar novos usos sem “quebradeira”.


5) Sistema construtivo compatível com o posicionamento

O padrão prometido precisa ser entregue — não só na estética, mas na manutenção.


  • Construção híbrida (estrutura metálica, painéis, drywall + alvenaria estratégica) pode reduzir prazos e melhorar desempenho, desde que haja fornecedores qualificados e projeto compatível.

  • Especificações devem considerar o custo total de ciclo de vida (TCO) — não apenas o preço de aquisição.


Gera coerência entre o que se vende e o que se opera.

Evita padrões “premium” que se desgastam rápido e comprometem a imagem do produto.


6) Cronograma, compras e marketing integrados

Projetar bem também é posicionar no tempo certo. Alinhar arquitetura, suprimentos e divulgação reduz incertezas e reforça a percepção de organização — algo que o mercado valoriza.


  • Projeto: Estudo de massa → Anteprojeto → Compatibilização → Executivo → Obra.

  • Marketing/comercial: renders, naming, landing page, captação de leads, parcerias estratégicas.

  • Compras: mapeamento de lead times críticos (esquadrias, painéis, elevadores, HVAC) e plano B logístico.


📆 Integração dessas etapas garante fluidez e evita atrasos silenciosos.


7) Mapa competitivo e trade-offs estratégicos

Conhecer os concorrentes diretos orienta decisões mais realistas.


  • Destaques possíveis: iluminação natural, vagas funcionais, bicicletário, tomada veicular, áreas comuns úteis, custos operacionais baixos.

  • Trade-offs conscientes: onde abrir mão pode significar entregar mais valor (ex.: reduzir depósito para aumentar área útil do living).


📊 Entregável: matriz comparativa “nosso produto × mercado” — com ganhos e compensações mapeados.


8) Precificação e viabilidade com lógica de cenário

Evite decisões baseadas apenas no “preço ideal”. Trabalhe com cenários.


  • Utilize comparáveis e ajuste por diferenciais: vista, vaga, altura, certificações.

  • Modele sensibilidade: –5% no preço, +8% no custo, +30 dias de obra.

  • Analise o impacto real na margem e no tempo de absorção.


💡 Um bom produto mal posicionado pode performar mal — o contrário também é verdadeiro.


9) Documentação e conformidade = liquidez

Produto tecnicamente completo facilita negócios.


  • Projetos aprovados, memoriais técnicos, RRT/ART, normas atendidas.

  • Permite financiamento, seguro, escritura e locação sem travas jurídicas.


Documentação incompleta gera fricção, demora e desvalorização.


10) Indicadores para validar o posicionamento antes da obra

Mesmo antes da construção, já é possível medir o apelo de mercado.


  • Percentual de leads qualificados;

  • Interesse por tipologias específicas (planta A × B);

  • Respostas a formulários e páginas de pré-cadastro;

  • Margem projetada (custo estimado × preço alvo);

  • Compatibilidade entre prazo estimado e janela de lançamento.


📈 Dados reais permitem ajustar o produto antes de ele estar “congelado” na obra.


Exemplo prático (sem números)

Sala comercial para saúde: público-alvo bem definido, estrutura metálica e drywall para acelerar a entrega, infraestrutura compatível com consultórios, acústica reforçada, fachada de manutenção simples.


Resultado: absorção rápida, menor tempo ocioso e reconfiguração facilitada entre inquilinos.


Checklist para projetar com posicionamento claro


  • ✅ Persona definida + critérios de decisão

  • ✅ Legislação e terreno convertidos em produto viável

  • ✅ Tipologias coerentes com o público

  • ✅ Estratégia de conforto e flexibilidade mapeada

  • ✅ Sistema construtivo compatível com o padrão

  • ✅ Cronograma alinhado com marketing e suprimentos

  • ✅ Análise competitiva com trade-offs conscientes

  • ✅ Precificação com sensibilidade de cenário

  • ✅ Documentação sob controle

  • ✅ Indicadores comerciais monitorados


Conclusão

Projetar com o mercado em mente é o primeiro passo para entregar um imóvel valorizado e competitivo. Quando briefing, produto, desempenho, cronograma e comunicação caminham juntos, o projeto se transforma em estratégia — e o resultado aparece antes mesmo da fundação.





 
 
 

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Criado por Fernanda Martins Arquitetura

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